29 dezembro 2012

Corine, a sublime.


E com a tesoura a linha foi cortada.
A família chorava. Talvez por obrigação, talvez não. Uma morte merecida.
Uma linha tênue de dor, rancor, fora traçada. Tantas olheiras cravadas. Partiu sem levar posses ou qualquer coisa da qual pudesse ter orgulho. Não tinha coração.
O amor? Não encontrou.
Segurou-se a roldana; e então, percebeu o quão era tarde. Desonrou o pai, envergonhou a mãe. Descumpriu promessas.
Um espetáculo, um verdadeiro “show”. Tratou a todos como marionetes e com ninguém se importou. Fazia jus a seu sadismo. Quantos mais sofressem mais prazer obtinha.
- É crueldade, agir assim. Trate-os bem, não fizeram por merecer. – lhe diziam; e então, como criança, a todos desobedecia.
Agia sem pudor. Não era grande amante da vida. Reclamar tornou-se hábito e viver tornou-se insignificante. Não dera valor ao que tinha.
Determinou o curso da vida.
Seguiu com todos os seus desejos e não hesitou a novas descobertas. Brincou com tantos quantas são as estrelas no céu. Amargurou, satirizou, caluniou. Tornou secreto.
Teceu a linha.
Era criança tão diferente, tão justa, tão pequena. Seguiu seu curso, compartilhou pequenas alegrias, sorriu pequenos momentos. O quão doce era aquela pequena mulher...
Fez falta. Assim como faz falta a água no deserto. Era inevitável não sentir falta da menina que crescia a cada dia. O tempo passava.
- Oh, pequena Corine, não tens ideia de como é a vida. Tão nova que és Recife toda a teus pés. Que acompanhe os passos de sua família. Que esteja com o povo assim como estamos.
E assim nasceu, Corine, tão bela, tão frágil. De família importante, grandes dotes.

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